A nova e cativante série da Peacock, The Day of the Jackal, é algo para se admirar. Trata-se de uma adaptação moderna, sólida e inventiva, do excelente romance de Frederick Forsyth, de 1971, e do filme que o sucedeu, que nos atrai constantemente para dentro de sua trama criativa, mesmo quando essa trama se torna um pouco complexa demais.
A questão é a seguinte: nosso protagonista, "Chacal" (interpretado pelo vencedor do Oscar Eddie Redmayne, merecedor de uma indicação ao Emmy por este papel), é implacável e eficaz como um assassino solitário e esquivo. Ele também é complexo e assombrado pelo passado. Isso o torna vulnerável. E isso nos deixa, seu público, um tanto divididos. Afinal, não queremos vê-lo eliminar figuras suspeitas que precisam ser eliminadas? Ou preferiríamos vê-lo decidir se vai evoluir emocional e psicologicamente?
10/10
Difícil decisão. Mas, de alguma forma, o roteirista e produtor executivo Ronan Bennett ( Top Boy ) consegue equilibrar com maestria este novo thriller tenso, explorando com igual profundidade tanto a personalidade de Jackal como um assassino extremamente eficiente, quanto a de um homem que vive em dois mundos, alguém que de repente começa a refletir sobre sua vida. Dito isso, Bennett estabelece imediatamente O Dia do Chacal como uma obra imperdível.
Um assassino solitário, inigualável e extremamente esquivo, o Chacal (Eddie Redmayne), ganha a vida executando trabalhos mediante pagamento. Mas, após seu último assassinato, ele encontra alguém à sua altura em uma tenaz agente da inteligência britânica, interpretada pela atriz Lashana Lynch, que inicia uma emocionante perseguição de gato e rato pela Europa, deixando um rastro de destruição.
O jogo de gato e rato é executado de forma maravilhosa, gerando muita emoção.
Surpreendentemente complexo emocionalmente, mas também repleto de ação e personagens incríveis.
A série pode ser um pouco complicada demais às vezes, e suas cenas de ação ocasionalmente parecem irrealistas.
De longe, a maior alegria de assistir a esta série é ver atores excelentes no auge de suas carreiras incorporando personagens incrivelmente bem escritos e cativantes. Este é um dos melhores trabalhos de Eddie Redmayne, igualando e, por vezes, superando o brilho que ele demonstrou em A Garota Dinamarquesa e A Teoria de Tudo. Ele está em ótima companhia. Lashana Lynch (007 - Sem Tempo Para Morrer, Capitã Marvel ) é feroz, confiante e se destaca como uma incansável agente da inteligência britânica no encalço de Chacal. Úrsula Corberó ( La Casa de Papel ) entrega uma atuação memorável como Nuria, a esposa desconfiada de Chacal. O elenco brilha e a série decola, se você conseguir relevar algumas divagações narrativas no meio da trama.
Essa é uma ótima maneira de enriquecer o filme de 1973, que narra um plano da extrema-direita para assassinar o presidente francês Charles de Gaulle. Também dá a Jackal mais responsabilidades. Bianca e Nuria querem Jackal por motivos pessoais, para Bianca, é uma sensação de realização; para Nuria, uma defesa de si mesma e de sua família.
Há outros que querem o Chacal por um motivo completamente diferente. Nesta série, vários magnatas ricos querem desesperadamente frustrar os planos de um gigante do setor de tecnologia, Ulle Dag Charles (Khalid Abdalla), conhecido como UDC. Imagine um Elon Musk mais moderado. O novo software da UDC, "River", revelaria a verdadeira transparência das transações financeiras das pessoas mais ricas do mundo. Bem, já sabemos quem será o próximo alvo do Chacal. Ele logo é contratado para eliminar o sujeito, mas a tarefa se mostra complicada.
O Dia do Chacal é uma tapeçaria de emoções de roer as unhas.
Tudo isso certamente dá ao showrunner Ronan Bennett e aos excelentes diretores envolvidos, Anthony Philipson, Paul Wilmshurst e Anu Menon, muito material para analisar. Também estabelece a série como um thriller de espionagem puro e simples, no estilo gato e rato. Esta é uma ótima equipe criativa que sabe como contar uma história bem. É revigorante também que Jackal não seja impecável em todas as suas ações. Há uma interessante reviravolta criativa em vários episódios que tira Jackal de seus planos originais, colocando-o em perigo e correndo o risco de ser descoberto e capturado por Bianca e Nuria.

